quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Artigo: FIV x Preconceito


Bom... Hoje decidi escrever um pouco sobre o preconceito que ainda ronda a sociedade quando falamos em FIV, ou como são chamados, “bebês de proveta”.

Sei que a infertilidade ainda é um tabu. Sei que as informações passadas pela mídia muitas vezes são deturpadas, como já foi explicitado em outro artigo aqui neste blog, mas acredito que hoje em pleno ano de 2012, alguém ainda ter restrições quanto a bebês de proveta é no mínimo muita ignorância.

No início dos tratamentos, realmente eu me perguntava se eu estava seguindo o caminho certo, me questionava se eu estava indo contra a natureza, se eu estava me intrometendo na vontade de Deus ao tentar conceber meu filho com ajuda médica. Sentia-me verdadeiramente em um filme de ficção científica. Mas isso aconteceu por puro desconhecimento do assunto FERTILIZAÇÃO IN VITRO. Já nas minhas primeiras pesquisas sobre o assunto, pude ver que a FIV é uma ferramenta muito boa de auxílio a casais inférteis, porém não é perfeita, como Deus é. Além do que, se essas técnicas existem e temos médicos e estudiosos super competentes que tentam sempre auxilar casais como nós, é porque Deus permitiu isso. A vontade de Deus sempre prevalecerá, e ninguém poderá agir por ele, mas cabe a nós corrermos atrás dos tratamentos que ele nos disponibilizou e permitiu que existissem.

Enquanto ainda não conseguimos o nosso sucesso, o nosso bebezinho ao nosso lado, é compreensível que queiramos manter um segredo acerca disso, acredito que evita discussões, curiosidades e ansiedades alheias que só prejudicariam o nosso emocional, já tão abalado. E por outro lado, também têm a questão de não querer ser rotulada de “coitadinha”. Esse último motivo, foi crucial para que até agora somente alguns familiares e amigos mais próximos saibam do meu tratamento. O nosso caminho é muito difícil e árduo, porém não quero ouvir: “Coitadinha, ela não consegue ter seu filho!”. Queremos ser vistas não como coitadas, ou obcecadas ou estressadas, mas como mulheres que descobriram que infelizmente o sonho de ser mãe é mais difícil para nós.

Casei-me e anos depois, quando decidimos ampliar a nossa família, entramos para as estatísticas de casais inférteis. E nesse caminho, aconteceram muitas coisas...

Passamos por um zilhão de exames doloridos e inconvenientes. Ouvimos muitas bobagens... ( Se eu ganhasse um real cada vez que ouvi: “ Você precisa relaxar um pouco” ; “ Você vai ver quando menos esperar acontece”; “ Você é nova, não devia se preocupar tanto” ou “ Vocês estão preguiçosos, não pensam em ter filhos?” , eu estaria milionária! Rsrsrs ). Passamos por duas Fertilizações in vitro sem sucesso, e com elas tive as maiores alegrias e tristezas de minha vida. Aguentei todas as picadas dos medicamentos que tive que tomar durante os tratamentos. Vi o mundo todo ficar grávido, menos eu. Tive que aguentar gracinhas sobre o meu aumento de peso, devido aos hormônios. Estamos gastando com os tratamentos todas as economias que conseguimos juntar nesses 14 anos juntos. Já fui do céu ao inferno em poucos dias durante esse trajeto. Vivo com a incerteza de não saber quanto tempo isso vai durar.

Só quem já viveu a infertilidade na pele sabe o que é chorar mensalmente, com um vazio no peito, no ventre e nos braços, que creio que palavras jamais conseguirão expressar, e ainda assim, conseguir juntar os cacos, enxugar as lágrimas e ter esperanças que no mês que vem vai ser diferente. E passando por isso tudo, … Você acha que eu teria vergonha por estar tentando conceber meu filho através de fertilização in vitro? NEM PENSAR.

Eu tenho é um imenso orgulho disso. Tenho orgulho de mim e do meu marido estarmos podendo passar por tudo isso. Tenho orgulho de não termos ficado nos cantos lamentando a nossa infertilidade e termos corrido atrás de tudo o que a medicina há de nos oferecer para realizarmos o nosso sonho.

Com certeza, poderemos dizer ao nosso filho que ele foi planejado, esperado e foi concebido com o maior amor do mundo. Pois, quando os bebês são concebidos naturalmente através do ato sexual, nem sempre são feitos com amor. Muitas vezes naquele momento pode-se observar muito mais paixão e desejo do que amor. Mas o meu filho poderá ter a certeza que foi concebido com muito mais amor, do que se tivesse sido concebido naturalmente por um acaso. Irá ter a certeza que no caminho para a sua busca, que a cada ultrassom da FIV, a cada picada dos medicamentos, na coleta dos óvulos e espermatozoide de seu pai, na transferência dele para o meu útero, o sentimento que eu e seu pai mais tivemos era o AMOR.

Não estamos aqui desmerecendo as mães que engravidaram naturalmente, não é isso mesmo. Queria eu poder não passar por tudo isso. A questão é : O que há de errado em meu filho ser concebido através de ajuda médica?

Aos ignorantes e preconceituosos, só peço uma coisa: Estudem o assunto, se aprofundem antes de tecer opiniões! Vejam quanta dedicação é necessária nesse processo. E aí sim digam sua opinião.

Queira Deus que um dia eu possa ter a dádiva de engravidar e ter meu filho ao meu lado. Pois neste dia terei orgulho em gritar para o mundo que eu lutei...Lutei e consegui! E que meu filho é fruto de uma Fertilização in vitro bem sucedida. Que ele é o meu “ BEBÊ DE PROVETA” !


20 comentários:

  1. Como me identifiquei neste artigo.Obrigada por explicar tão bem o que senti o casal que passa pela infertilidade

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  2. amiga, com certeza vc está cheia de razão.
    sempr digo, a infertilidade é como um cêncer na alma e quem é q tera um cancer e ficará esperando a morte chegar e se trata?
    a tá. qnd alguem me qustiona eu logo pergunto: se vc tivesse um cancer vc se conformaria em não procurar tratamento? sim, pq pode ser essa a vontad e de Deus....! aff! fala sério......eu enquanto tver força irei procurar tratamento, infelzimente ñ tenho mais condições financeiras de fzer outra fiv, mas se tivesse, com certeza faria.
    bjokas!

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    1. Anjinho... Que Deus te ajude a continuar a luta. Pois enquanto existir esperança temos é que lutar mesmo. Torço muito por vc amiga!
      Bjinhos

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  3. Renata...
    O texto é inspirador e me faz refletir acerca das implicações subjetivas envolvidas neste doloroso e esperançoso processo.
    Da minha parte, acredito que este é assunto dificil de ser dito em palavras, pois toca em pontos extremamentes sensíveis do humano...ou seja, nos admitirmos imperfeitos nem sempre é fácil. Depois de passada a fase de resignação da impotência e imperfeição, surge o desejo de ir à luta e nao ficar num simples conformismo do tipo: "Deus quis assim"!!! E com isso, maiores implicações subjtivas na vida do casal... que para gestar necessariamente passar a depender de um grupo. Grupo este que nem sempre esta preparado pra literalmente invadir a vida desse casal!!! O que era privado virou público!!! Além disso, a procriaçao passa a ser dessexualizada e descorporeificada!!!! São muitos os tabus a serem superados e isso deveria ser um processo cuidadoso e atento a todas fantasia inerentes a esse processo!!!Mas o mais importante de tudo isso é como vamos perseguir o desejo da maternidade pois mais do que ficar grávidas, devemos buscar antes de tudo é o desejo de sermos mães, e isso, minha amiga, nenhuma imperfeiçao do biológico vai poder nos impedir!!! A maternidade não pode ser vista do ponto de vista organico e sim do simbólico, trata-se de um lugar psíquico a ser construído!!
    Ps: Ontem fui à análise... é só fui capaz de escrever depois da experiencia de ontem!!! Estou bem mais tranquila!!! Estou apostando todas as minhas fichas e sei que nesse percurso posso ganhar ou perder!!! Lembrei daquela musica da Elis... nem sempre ganhando, nem sempre perdendo... aprendendo a jogar...
    Beijos
    Camila Z. B.

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    1. Camilinha.... A análise te fez bem amiga!!! Você conseguiu expressar muito bem tudo pelo qual passamos. Obrigada pela visita aqui no meu cantinho e pela linda participação.
      Bjinhos

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  4. Oi amiga, não tenha duvidas de que o dia do GRITO chegará... Depois de tanto tempo de luta, sofrimento e perseverança nada e ninguém me afeta com comentários preconceituosos e se hoje sou forte, decidida e obstinada em tudo na minha vida é graças a tudo que passei e passo para ter meu baby. Hoje afirmo que a dor e o sofrimento nos tornam mais fortes, pode acreditar!

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    1. É isso mesmo flor. A dor nos fez amadurecer e crescer. Que Deus possa nos abençoar com o nosso milagrezinho.
      Bjos

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  5. Amigas obrigada por todo o apoio! Que Deus possa no iluminar e, como a Flor falou, que o dia do GRITO chegue!! Bjinhos, RÊ

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  6. Nunca devemos abaixar a cabeça diante das criticas dos outros.
    Se o seu coração pediu pra vc procurar ajuda é porque vc precisa de ajuda.
    Adorei seu blog. Eu ainda não sou tentante mas tenho problemas e já ouvi dos medicos que talvez não poderei ter filhos. Mas minha fé em Deus é grande e logo logo estarei com meu filho nos braços.

    Beijos

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    1. Seja bem vinda Bruna. Se Deus quiser logo logo nós estaremos com nossos bebezinhos nos braços! Bjinhos

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  7. Parabéns pelo texto, Renatita... lindo!!!
    Pode acreditar que este dia vai chegar. Também sei o quanto é doloroso andar pelo "vale da infertilidade"... mas não tenho dúvidas de que conseguiremos realizar este sonho!!!
    Um grande beijo!

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    1. Isso mesmo Helena! Temos que manter a fé em Deus e a esperança bem viva! Conseguiremos realizar nosso sonho!

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  8. eu tenho orgulho de vc. Vc fez todo mundo se identificar e juntas podemos agir sem julgamento e sem piadinhas, reconhecendo todas as angustias e duvidas que só passam pela nossa cabeça!

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    1. Obrigada Bruna!!! Todas nós temos que ter muito orgulho da nossa luta!! Que Deus nos abençoe com um lindo bebezinho!!

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  9. Realmente só quem vive é que sabe...
    Fiz duas FIVs este ano e não deu certo, talvez por conta da minha idade(43 anos). A estimulação foi otima, a qualidade e numero de embrioes tbm, porem a gravidez nao aconteceu.A médica disse que era bom fazer um CGH no embriao para saber se havia alguma aneuploidia, que prejudicaria o desenvolvimento deste, mas este custaria o preço de uma FIV.Deu tbm a possibilidade da doação de ovulos, o que ela preferiria, pois poderia ser que o CGH nao fosse bom e os embrioes não pudessem ser transferidos. Dificil, pois vc fica se perguntando um montao de coisas...
    A ciencia avança ,mas a resposta final é do dono da VIDA, pois foi ele que criou e é perfeito.
    Deus me ajuda!!!!

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  10. Lindo texto menina! Você é muito profunda em suas palavras! E é por isso que conseguiu a dádiva de ser mamãe. Eu tenho 42 anos e já tenho 2 filhos por meio natural, porém depois de 8 anos de laqueadura, me vejo fazendo uma FIV, pois meu novo amor ainda não é papai. A transferencia será agora em maio, e eu claro com muito medo do negativo.
    Estou esperançosa, apesar de tudo. Pra Deus não há nada difícil ou impossivel né? Beijos.

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    1. Obrigada pelo carinho Faby!
      Com certeza para Deus nada é impossível!
      Que ele te conceda seu terceiro bebezinho!
      Muitos beijos, Rê

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  11. Sei que estou bem atrasada nos comentários, mas é que só achei seu blog agora numa pesquisa na internet.
    Lindo post! Estou me segurando pra não chorar aqui no trabalho, pois me identifiquei imensamente!
    Estou na minha primeira FIV, mas não poderei fazer a transferência esse mês. Depois de 3 anos de tentativas frustradas, fico lendo esses relatos pois são os únicos que me dão algum conforto já que é difícil pra quem não passa por isso entender o luto mensal que passamos.
    Estou lendo de trás pra frente seu blog, mas já percebi que vc conseguiu seu tão sonhado bebe! Parabéns!
    Relatos como o seu é que me dão forcas pra continuar a luta pelo meu. :)

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  12. Estou passando por todo esse processo na busca de um sonho, um filho que independentemente da forma natural da concepcao será amado por mim e meu esposo e pelos nossos familiares que nos apoiaram. Amanhã farei minha última utrassonografia para então saber o dia da punção (coleta dos óvulos )... A cada ultrassom, um momento de felicidade e tensão ao saber que os folículos estão se desenvolvendo e que através das medicações tudo está correndo direitinho.Filhos planejados, desejados são obras de Deus, que através das suas mãos guiou o homem dando inteligência para realizar as obras do bem. Tenho fé e não desistirei de realizar o sonho da maternidade.

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